Thursday, November 21, 2013

Campo de semear!



Se um homem há-de comer,
No suor do rosto há-de semear;
E vinho novo há-de beber,
No afã final do seu lavrar.

Mas há uma fome,
Que tudo consome,
E nem deixa restolho,
A fome do meu olho!

Uma fome profunda,
Onde o meu vazio coração,
Cai e se afunda,
Sem encontrar chão!

Os teus seios são montes,
Por onde estendo o olhar.
Os teus lábios são fontes,
Onde esta sede quero saciar!

Quem dera o teu corpo lavrar,
Com estas minhas mãos dele cuidar,
E mesmo que nele não nasça pão,
Saciar nele, meu esfomeado coração!

Deixa que beije sôfrego essa terra,
Que loucamente anseio poder possuir!
E a amarga dor, qual escorpião que ferra,
Me obriga a largar-te, a deixar-te ir!

E na neblina que me cobre o olhar,
Latejando, em bruta pulsação,
Sonhando que me vens salvar,
Mas não é nada, é só alucinação!

Tuesday, November 05, 2013

Silêncio








O silêncio entre os dois
É um silêncio de veludo
Que nos veste de serenidade
Como uma noite tranquila
Sem lua nem sóis
Onde há de tudo
Um silêncio sonho
Grande e que se agiganta
Um Universo medonho
Onde não há nenhuma voz
Apenas existimos nós!

Saturday, August 24, 2013

Coração que se esfuma


Antes que finalmente se esfume,
Deixa que te fale deste fogo sem lume.
Deste rubro pedaço de carvão,
A que alguns chamam coração!

Se sopram na forja para trabalhar o ferro,
Não sei se por distracção, se por erro;
De aquecer, aquecer, até esbrasear,
Depois morrer, por não conseguir parar...

Traz nos teus lábios a água que o extinga!
Ser doido, ou estar perdido;
Não importa ao amor o que vinga,
Só o desejar estar contigo, ser doido varrido!

Thursday, June 27, 2013

Pássaros doidos

Somos dois pássaros doidos
Nas trincheiras do amor
Rastejando pelo arame farpado
do roseiral
E o chão mancha-se de vermelho
das rosas caidas
E sofremos dos estilhaços
de não poder voar juntos
Pisamos as minas 
Conscientes
Porque queremos ser
Enterrados
Um no outro

Friday, May 24, 2013

Renascimento


Há uma madeixa do teu cabelo,
Um desenho de lábios macios,
Teu rosto é belo,
Sem artifícios!

Custa-me a tua ausência,
As minhas mãos nuas à tua espera,
Suave anuência,
Do teu corpo de pantera!

Vem! Traz o teu calor!
Veste a poesia do amor,
Sussurra ao meu ouvido,
Que sou o teu querido!

Quem pode aguentar,
Segurar pela juba o leão?
Esta vontade de amar,
Entregar-se à paixão?

Sabes o que dizem de mim?
Que nunca me viram assim!
E perguntam o que aconteceu;
E digo-lhes: Homem novo, que renasceu!

Sermos nós dois no céu a voar...




Entre o deserto e o mar
Não sei que escolha
Que rumo tomar

Sou uma folha
No Outono
Caindo no sono

Procurando o sonho
Que nunca chega
Destino medonho

E querer tanto alcançar
Esse lugar de quimera
Onde floresce a Primavera

Voo de pássaro liberto
No peito um coração
Que bate sem acerto!

Chegar onde não posso
Alto voar em vão
Ser colosso neste fosso

De apenas andar à toa
À tua volta
Que és tão boa!

Não dar a vida, reviravolta pois!
Ficar contigo, bilhete só de ida,
Amar! Sermos nós dois no céu, a voar…